Nas margens da vida

Ele saiu e foi embora, trancou a casa, com uma muda de roupa foi viajar, levou suas cuecas e a escova de dentes, deixou o aparelho de barbear em casa. Ele saiu para se retirar, e então no horizonte ele conseguiu encontrar, um lugar tranquilo. Ele então subiu um morro no alto dos céus e olhou para o chão, viu além de seus pés toda a terra. Viu tudo no horizonte, viu toda sua humanidade, viu o sol se por. Quando as cores já estavam quase se acabando ele levantou seus braços e sentiu o vento no seu rosto. Mas no distante ponto além de sua vida ele viu a chuva, e quando a viu, correu, teve medo de se molhar, mas então ela chegou, assim primeiro como quem não quer nada, depois com uma força que te tira do chão, ele parou de correr, e percebeu que nada adianta, resolveu se juntar, dançar e se molhar, notou que a água ali fazia parte da vida. Ai ele olhou para traz, viu seus irmãos e cantaram músicas,  então se animaram em comunhão, se alegraram em união. Então ele resolveu voltar, voltou para os lugar de onde veio, pois ali também era seu jardim e também precisava de cuidados. Quando voltou viu que tudo estava mudado, estava tudo de cabeça para baixo, aquilo que era já não era mais.
Ele então ouviu no ouvido dele, um sussurro baixo, quase imperceptível, um sussurro que o acalmou e disse:
-Você é livre
Então, ele se libertou e voltou a caminhar.